Saúde Mental & Nova ordem mundial



Por Thera Rathbone Vaughan

Olá, leitores! Como estão? Está é a minha primeira matéria entrevistada para o jornal grifino e eu estou muito feliz de poder tratar sobre um assunto tão importante, a saúde mental dos alunos de Hogwarts, tendo como contexto a atual situação do Mundo Bruxo que influenciou e muito o ano letivo de nossa escola. Primeiramente, vamos começar com alguns significados para que todos entendam melhor o que quero mostrar. 

A saúde mental (ou sanidade mental) é um termo que é normalmente usado para descrever um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional de uma pessoa, ou também a presença e ausência de uma doença mental. Psicologicamente falando, a saúde mental pode incluir a capacidade da pessoa de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir o equilíbrio psicológico e a capacidade de se adaptar psicologicamente às mudanças que acontecem ao seu redor. E, por mudanças, temos exemplos como: diferenças culturais e socioeconômicas, julgamentos subjetivos de si mesmo ou de outros, situação atual do lugar em que vivemos, e entre outros aspectos que podem afetar o modo como a "saúde mental" é definida.

No caso dos alunos de nossa escola, as mudanças foram tremendas, como a Queda do Ministério da Magia, a nova diretora auto-intitulada de Hogwarts, as diferenças do modo como os professores passaram a ensinar, os toques de recolher, os ataques à Hogwarts e entre outras situações que alteraram demais o modo de se portar, de se conviver e de se estudar na Escola de Magia e Bruxaria. Alunos novos tinham ouvido falar como funcionava a escola e chegaram com algo completamente diferente e assustador, ao contrário do que tinham sido contadas histórias para eles. Já alunos que retornavam às aulas para mais um ano se depararam com mudanças para as quais não estavam preparados para enfrentar, mudando tudo aquilo que estavam acostumados. Sendo assim, não é de se duvidar que a saúde mental dos estudantes tenha sido um tanto prejudicada durante o ano letivo.

E para que possamos entender realmente o que se passou na cabeça dos queridos alunos de Hogwarts, nada como entrevistar um deles e saber o que se passou no seu cotidiano estudantil no último ano e como esteve e como está sua saúde mental. Estamos aqui com Galvanis Giuliacci, aluno do primeiro ano da Lufa-Lufa. Olá, Gal, obrigada por aceitar meu convite para a entrevista. 

Thera: Gostaria que você contasse um pouco de sua história de vida antes de iniciarmos realmente as perguntas mais difíceis.

Galvanis: Primeiramente, Thera, gostaria de dizer que é um prazer estar com você aqui, sou um grande fã do seu trabalho! Bom, sou brasileiro, nascido, criado e erradicado! (risos) Minha família é um tanto famosa graças a meu bisavô que foi um grande magizoologista, e isso meio que virou o negócio da família. Começo do ano passado estava na Castelobruxo, mas minha mãe aceitou uma oferta de emprego aqui na Grã-Bretanha, e coincidiu com a chegada da minha carta convite pra Hogwarts, já que meu bisavô estudou aqui. Entrei no letivo passado junto com uma grifina ruiva bem abusada, sabe? (risos) E agora aqui estou!

Thera: Sua história é realmente fascinante, Gal, eu não canso de ouvir. Que bom que sua mãe conseguiu um emprego aqui e você pôde estudar com a gente. Tenho certeza que a escola do Brasil é muito boa, mas não posso deixar de elogiar a nossa querida Hogwarts. Quero dizer, não sei se nos dias de hoje eu possa elogiar muito ou se você pode se sentir agradecido por ter vindo para cá, mas é muito bom ter você com a gente. Quando foi aceito em Hogwarts, já sabia de toda a situação que estava acontecendo com Nyx e com o Mundo Bruxo?

Galvanis: Olha, não. Pra mim já foi uma surpresa encontrar as barreira mágica por toda a extensão da ilha. Quero dizer, foi noticiado tudo que aconteceu antes e tal... mas uma coisa é você ouvir falar sobre algo e outra completamente diferente é vivenciar esse algo. Foi de fato um choque.

Thera: Foi mesmo, para as famílias que já viviam aqui na Inglaterra também foi um grande choque. Imagina então para quem estava vindo de outro continente, por Merlim, deve ter sido bem difícil! E como acabou sabendo de toda a situação?

Galvanis: Meu tio trabalha como jornalista, ele é bem antenado sobre qualquer coisa. Ele tem contatos em jornais daqui e soube no momento que aconteceu. Inclusive ele foi o primeiro a relatar isso para o Brasil todo.

Thera: Que legal, é bom ter contatos assim, ainda mais da família, impede que a gente fique alienado do que realmente está acontecendo, não podemos ser enganados. Vamos começar a falar sobre seu ano em Hogwarts, então, como foram seus estudos com todas essas mudanças? Afinal você deve ter ouvido coisas muito diferentes sobre Hogwarts antes de entrar na escola.

Galvanis: Sim, tinha ouvido muitas coisas, principalmente de professores que estudaram aqui e me deram aula no meu curto período na Castelobruxo. Olha... foi difícil (risos nervosos)! Quero dizer, os professores se desdobraram em mil para não deixar as coisas mais estranhas do já estavam, e eles tem minha gratidão por conta disso. Porém o trabalho deles era nos preparar, e mesmo que tenha sido um... aprendizado complexo (risos)... é, foi um ano bem proveitoso na escola.

Thera: Foi bem proveitoso, apesar dos pesares, certo? Fico feliz que tenha aproveitado o que pôde. E sobre o toque de recolher? Foi difícil para você, achou muito estranho? Ouvi vários relatos de pessoas que acreditavam que isso foi um insulto ao direito de ir e vir.

Galvanis: Olha, enquanto o clima estava tolerável, até que foi difícil, mas depois que esfriou eu só agradeci (muitos risos)! É péssimo viver em uma situação tão... regulada! Mas é entendível, era pra nossa segurança, afinal de contas.

Thera: Uau, que bom que você pôde ver algo de positivo em tudo isto, não sei se concordo com o que disse, mas respeito sua opinião. É o que está faltando muito atualmente, o respeito com a opinião do próximo, o respeito AO próximo, às diferenças dos outros. Enfim, e quando aconteceu o ataque à Hogwarts, como você se manteve intacto? Onde estava?

Galvanis: Então né... eu não estava durante o ataque. Fui um dos primeiros a ir embora quando houve a liberação prévia. Mas eu preciso dizer... foi angustiante mesmo assim. Amigos meus se machucaram, sei de relatos de alunos que desapareceram. Sabe, aquele era nosso porto-seguro, nosso castelo intransponível. E de repente não é mais. Eu não sei... ainda tenho pesadelos com o bombardeio, não posso nem sequer imaginar como estão os sonhos dos alunos que ficaram... mas agora, fica aquela insegurança sabe? Aquele pânico... estamos seguros? Não sei dizer…

Thera: Que bom que você e muitos outros estavam a salvo durante tudo aquilo. Me arrepia até hoje, só de pensar. Vamos mudar um pouco desse assunto mórbido, sei que é bem difícil falar sobre, algo que mexe com nosso psicológico. E é onde quero chegar com essa entrevista. Todos os ocorridos desse ano influenciaram no seu jeito de estudar? Você acha que foi prejudicado psicologicamente?

Galvanis: (silêncio, pensativo) Realmente não sei. Eu entrei em Hogwarts imaginando que poderia me dedicar desde o início a herbologia e magizoologia, que são as coisas que mais gosto. De cara tive que lidar com feitiços de proteção, ataque, situações de risco... sim, foi traumatizante (risos nervosos)! A única coisa que podia fazer sobre era estudar, e foi o que fiz!

Thera: Foi o que todos fizeram ou tentaram fazer, certo? Como conseguiu se manter firme física e psicologicamente focado nas provas finais? Tem alguma forma de deixar as coisas ruins de lado e focar nas aulas? 

Galvanis: Nossa, definitivamente NÃO estava firme, em momento algum (muitos risos)! Quero dizer, eu estava lá, aprendendo e estudando. Mas minha cabeça tava divida em uns três lugares diferentes! A pior parte foi não ter contato com minha família no Brasil, isso me destruiu por dentro. Mas sabe, tem uma coisa que meu avô sempre me diz: 'Coisas boas sempre vem para pessoas boas', e isso é a mais pura verdade. Porque conheci pessoas muito importantes, tipo você dona Thera, que me ajudaram nesse processo. Sou imensamente grato a essas pessoas! E se tem uma forma de deixar as coisas ruins e focar? Bem... mantenha o foco? (risos) Eu só pensava em aprender, ficar mais forte para proteger as pessoas que eu amo, dentro e fora de Hogwarts. Acho que isso foi a minha motivação. Então sim, tem como, mas não dá pra fazer sozinho. Não dá pra ser uma ilha.

Thera: Muito obrigada, Gal. Seu depoimento foi muito importante e esclarecedor, me alegra muito saber que faço parte da parcela boa de sua vida e fico ainda mais feliz por você ter passado esse ano difícil com a cabeça erguida e enfrentando todas as mudanças (tanto boas quanto as ruins). Todos precisam de uma motivação como a sua para se manterem sãos e salvos e com os pensamentos em ordem. 

A saúde mental não é brincadeira e não é algo fácil, precisamos ser resilientes e nos adaptarmos às mudanças, porém em algumas situações difíceis como as que enfrentamos este ano, não sei ao certo se estávamos preparados ou se merecíamos tanta mudança assim. Os alunos são a peça chave para que, Hogwarts e as outras escolas, continuem a se desenvolver, para que no futuro eles possam cuidar do mundo, de uma forma muito melhor do que a que os adultos atualmente estão cuidando. Será que a direção está preocupada com todo o dano que está sendo causado à nós? Precisamos sim aprender as coisas duras da vida, mas não acredito que tenha sido a forma certa. E só nos resta torcer para que não tenhamos ficado tão traumatizados e prejudicados física e psicologicamente, espero que possamos seguir em frente.